domingo, 2 de setembro de 2012

INFORMAR PARA LIBERTAR










Iniciar uma discussão sobre drogas gera desconfortos. No entanto, há que se enfrentar o tema com a devida seriedade e naturalidade. Negar a existência das drogas, se esquivar para não falar sobre o assunto ou criticar veementemente em nada contribui para a solução dos problemas que acompanham a dependência química.

É impossível alcançar elucidação sem informação.

Para tornar-se um agente da transformação primeiro é necessário se inteirar da causa. Em se tratando dos vícios, como informar e resgatar alguém permanecendo alheio ao universo das drogas? Não é aconselhável experimentar, mas conhecer o cheiro, a textura e aprender a identificar os resquícios que as substâncias deixam, acaba sendo primordial.

Se o discurso proposto é de como “sair das drogas”, há que se compreender, antes de tudo, que droga não é algo puramente ruim. Não se trata de apologia, mas de uma visão realista do que é a substância que entorpece.

“Drogas” existem desde os primórdios e são encontradas na natureza. Assim, torna-se inegável admitir que todas têm função. Do contrário, Deus Pai e a Mãe Natureza não permitiriam sua existência; ao invés de criá-las, eliminá-las-iam da face da Terra.

O problema da droga, nos seres humanos, não é o efeito que ela provoca durante a reação da substância no organismo, mas sim depois que esse efeito passa; momento em que se manifesta a ressaca. A primeira reação é incrível, mas a segunda é terrível e é justamente aí que se propõe a reflexão: na ressaca, no sentimento e sensações que o povoam depois da experiência.

Tem sido muito comum atribuir às drogas a classificação de “câncer social”. Tal qual a cura do câncer físico, a correção de uma dependência química terá muito mais chances de sucesso se for identificada no início.
Se assim não for, resultará em grande sofrimento e morte.
Cânceres, de uma forma geral, não são contagiosos, mas o câncer social é.

Independe do tipo de substância porque nesta seara não há melhor ou pior. O fato é que droga contamina! Contágio mental: formas-pensamento que agem e dominam.

Nas décadas de 60, 70 e 80, fumar era glamoroso e sinônimo de status. Celebridades internacionais arrastaram multidões ao vício fazendo filmes e campanhas publicitárias para marcas de cigarros. Uma prática degradante que culminou em demarcações de áreas para fumantes e na proibição legal do tabagismo em locais públicos. A consciência mundial está mudando porque se tornou evidente, notório e comprovado cientificamente que aquele que não fuma inala mais nicotina do que o próprio fumante. Além do mais, estatísticas revelam o alarmante e crescente número de doenças pulmonares assolando a população mundial.

Ao desenvolver o hábito de fumar o indivíduo deixa de sentir cheiro. Inclusive não sente o seu próprio odor. Para ele permanece tudo normal, mas para os demais a convivência se torna insuportável. O hálito é ruim, a transpiração é absolutamente incômoda, as roupas ficam impregnadas e onde quer que ele toque, acaba por imprimir uma dose considerável do mais puro cheiro de cigarro.

Nenhuma criança é capaz de conviver bem com a presença de fumantes. Os bebês são os que melhor demonstram o profundo incômodo que o cheiro provoca. O problema é que ainda não falam e, assim, muitos pais não percebem a verdadeira causa das longas noites mal dormidas em razão dos choros compulsivos.

Se com o cigarro o “contágio” é evidente, não se pode negar que com os outros tipos de droga ele não só existe como provoca o verdadeiro caos.

“Sair das drogas” é plenamente possível, mas a informação é fundamental. Sem ela, não se alcança a resposta para a verdadeira causa do vício. As possibilidades são infinitas, mas cada um detém sua verdade pessoal.

Texto extraído do livro Drogas: da dependência à liberdade consciente

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